Opalá … por Juan Saucedo

Opalá… estive ausente deste perfil, porque estava trabalhando num projeto de dança e improvisação financiado pelo Funcultura, que durou desde outubro até agora. O “Improvisar-se dançando. Corpo e Artivismo”, do Coletivo Artístico E aí?, do qual tenho a honra de fazer parte.

Já faz bastante tempo que pesquiso o mover a partir das sensações, a dança, o agora, o sentir, o falar a partir do que percebo, as diferentes mentes que existem no corpo, os chacras e suas conexões com o outro, com outras dimensões. Minha base tem sido uns estudos com um primo meu que saca muito sobre energias, psicologia e mestres espirituais; um cara chamado Matias Coulon que tem umas teorias que conecta chacras com dimensões; Gurdjef e seu “lembrar de si” para aperfeiçoar a “maquina humana” que é o corpo; o Movimento Autêntico com Soraya Jorge; e ha uns anos, a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) que traz um super conhecimento sobre os órgãos e vísceras. Como interagem, que energias possuem, como saber onde está estancado e como otimizar o fluxo para equilibrar e fazer o QI (energia vital, prana, etc.) circular como deve.

Tive a oportunidade (e a coragem), nestes encontros de dança que facilitei, de trazer uma oficina no Módulo I – CORPO SENSÍVEL- de compartilhar esse conhecimento sobre os órgãos. As pessoas participantes do encontro ficavam deitadas no chão enquanto eu trazia uma enchente de informações falando sobre o yin e yang, sobre as forças, as essências, de onde vinham, para que órgãos iam. Como o sangue é gerado, como os órgãos trabalham para levar as energias do ar e da comida para os lugares certos, por onde passa, como agem músculos, como os órgãos vão selecionando e absorvendo o que querem e dejetando o que não serve e como isso tem a ver com lucidez mental, discernimento, tomar decisões, fazer julgamento. A MTC tem uma forma de ver o corpo humano de uma maneira muito holística e isso serve muito pro corpo do improvisador, porque o trabalho do corpo atento é saber onde está, é sentir onde, como e quando atuar para que a composição da dança em conjunto seja o mais gracioso possível aos seus olhos e vontades e vontades do todo. Que não sabemos ao certo, mas que podemos intuir e sentir.

Os órgãos e vísceras estão associados aos 5 elementos da filosofia Oriental, que são energias em movimento e constante mutação, num ciclo sem fim onde se ascende para um máximo Yang e se descende para um máximo Yin para voltar a subir novamente e assim sucessivamente. Assim como a respiração que expande e contrai, a madeira vira fogo, que vira terra, que vira metal, que vira água que volta a virar madeira de novo.  

O trabalho na sala foi se conectar com essas energias, a partir primeiro da percepção sem movimento, deitado no chão, ativando a testemunha interna e aos poucos ir deixando o movimento acontecer e fluir com esses diferentes elementos e energias. Eu fui conduzindo o trabalho dando alguns toques sobre perceber os pés, os apoios, o períneo, o olhar, os outros, perceber energias de dentro, de fora. Perguntas como “onde está o meu fogo?” ou “como o fogo ajuda a manter a água na temperatura certa?” ou “como a água acalma o fogo sem apagar ele?”, “qual é o barulho mental?” “como perceber tudo em todas as partes ao mesmo tempo?”… E tudo isso numa sala, pessoas em movimento, na pesquisa da improvisação.

Foi uma bela experiência que queria aqui compartilhar com vocês. A resposta do grupo foi boa. Gostaram. Perceberam por exemplo como a atenção ao lá dentro traz qualidades para o externo. O que de dentro interfere na vida, que muitas vezes passa desapercebido. 

O tesão desse estudo todo sobre corpo e vida e dança e saúde é justamente o estar o mais atento possível ao aqui e agora. Tenho cada vez mais a convicção de que é aí onde tudo acontece. No aqui e agora e a nossa linda “máquina humana” chamado corpo, que recebe as informações de dentro e fora e vai gerando diversos quimicos de cérebro a órgãos, a emoções e sentimentos e ações… como o estar mais atento ao corpo e ao momento presente pode fazer eu perceber meus padrões, meus hábitos, minhas reações… e como percebendo isso, posso escolher sentir o que está se passando no corpo e fazer a ligação de que isso ás vezes pode ser por causa de algum pensamento, algum medo, algum condicionamento… e aos poucos, posso ir escolhendo melhores maneiras de agir que não sobrecarregue meus órgãos, minha saúde e minhas relações… e que a dança de meu corpo e meus órgãos seja de pura alegria e luz junto a meus amigos e parceiros de salão confabulando um despertar cósmico nunca antes visto em canto nenhum na galáxia… Apenas.  

É pedir demais??

E as pesquisas continuaram e continuam. Já já eu conto mais…

Improvisar-se dançando, no meio do caminho

Estamos no meio do caminho.

Dois módulos já realizados, corpo-sensível e corpo-resistência. Improvisamos muitas danças nessas quatro semanas, aguçamos nossa sensibilidade para acessar os apetites do corpo movente, confabulamos e refletimos sobre vários questionamentos. Como mover a partir dos afetos do corpo singular e coletivo? Como resistir aos moldes já dados sobre o que é dança e corpos podem dançar? Quando o movimento vira dança e quando as danças viram composições? Como compor coletivamente danças improvisadas?

A experiência tem sido muito potente e transformadora para todes envolvides no processo.

Hoje iniciamos o terceiro módulo de nossa residência artística “Improvisar-se Dançando: Corpo e Artivismo”. Neste módulo exploraremos o corpo-micropolítico. A tônica de nossos experimentos para este módulo é a criação de poéticas urbanas. Queremos investigar que composições surgem quando o corpo improvisador se mistura com o espaço urbano e que questões surgem com desse encontro. O que pode ser co-criado entendendo este corpo como como um lugar de afetos e intensidades?

Abaixo, segue dois teasers dos primeiros módulos e um pequeno vídeo que fizemos por ocasião da passeata para Lula aqui em Recife.

Imagem e edição: Marina Mahmood & Paco Vasconcelos
Imagem e edição: Marina Mahmood & Paco Vasconcelos

Imagem e edição: Marina Mahmood

Enfrentamentos permanentes em ativismos artísticos

[fragmento]

PEDRONI, Roberta.; VIEIRA, Marcílio de Souza. Enfrentamentos permanentes em ativismos artísticos. Florianópolis: Urdimento, v.3, n.36, p.423-448, nov/dez 2019.

O corpo, o movimento, a dança… A política!
A relação mais específica entre dança e política, em primeira instância, pode ser pensada a partir das características constitutivas da dança em si, especialmente no que diz respeito a centralidade do corpo no conhecimento em dança. P.442
Mais do que um mero recipiente ou transmissor, o corpo pode ser estudado e explorado dentro da perspectiva que o compreende como uma totalidade promovida pela dialética entre ser e estar no mundo. Ou seja, o que chamamos de corpo é, na realidade, um processo que se constrói pelas interações, mais ou menos perceptíveis, entre subjetividade, experiência, materialidade e ambiente. Assim, nesse sistema que é o corpo (Greiner, 2005), aquilo que é tido como biológico, como cultural, como tradicional ou como novo se funde em constante adaptação e sobrevivência. Há, no corpo, um diálogo entre passado, presente e futuro, assim como uma negociação permanente entre a particularidade e o Outro, ao ponto que essas barreiras não são mais claramente traçadas. P.442
Esse entendimento ontológico sobre o corpo nos permite vislumbrar sua potencial natureza política quando anatomizado pelo conhecimento em dança. Assim, sendo o corpo a dinamização própria da experiência humana como um todo, nas suas várias dimensões e interações de recepção e ação, é na investigação em dança que ele pode ser estudado em sua totalidade e criticamente percebido. Em outras palavras, dançando movimentamos a historicidade do corpo e construímos formas conscientes de acessá-la. P.442


[…] o fazer artístico é a ação inteligente do corpo, o seu próprio significado, pois o movimento é ato do corpo e se apresenta comprometido com as enunciações produzidas no fazer. As falas/ ações que se tornam visíveis são o dizer possibilitado por inúmeros acordos que o corpo realiza para enunciar as soluções provisoriamente encontradas para certas condições/posições do seu estar no mundo. Numa ação performativa, esses acordos vão atuar para questionar a existência de um contexto dado, e, além disto, para inaugurar novos contextos. Assim apresentado, esse fazer-dizer dá conta de um processo de criação com sujeitos-agentes (Setenta, 2008, p. 56-57). P.442


Nas escolhas ou acordos impetrados pelo corpo dançante, estão as marcas de elaborações da vida, do mundo e dos espaços transitados, uma vez que dançar é, sobretudo, conscientemente explorar-se enquanto corpo, permitindo as suas mais variadas rupturas e ressignificações. O artista da dança, nessa perspectiva, p.442-43


[…] toma posições em relação ao tempo presente, em relação ao ambiente no qual está inserido. […] executa suas próprias ideias num processo compositivo um propositor de assuntos, hipóteses e questionamentos, expondo seus pensamentos e seu modo de operar no mundo (Setenta; Roel, 2015, p. 07-08). P.443


Indo além, o direcionamento do fazer artístico em dança criticamente contextualizado e de dimensão artivista, pode radicalizar, inclusive, as formas contemporâneas de compreensão da política e suas possíveis ações. Trata-se não só de ocupar/ estar/ser os espaços, as falas e as lutas, mas também o corpo e as possibilidades de mudança/movimento/trânsito que ele aponta. O artivismo em dança, assim, abre novas possibilidades de se pensar a ação política a partir do corpo em movimento, o qual ao mesmo tempo que se desloca, desloca consigo modos de fazer-dizer (Setenta, 2008) particulares e em constante transformação. P.443


O sujeito que emerge entre as rachaduras do urbano, movendo-se para além e aquém dos passos que lhe teriam sido pré-atribuídos, é o sujeito político pleno. Para esse sujeito, a questão fundamental é recapturar uma nova ideia, uma nova imagem e uma nova noção coreográfica de movimento. A pergunta comum que os confrontos políticos do contemporâneo global (e, apesar da singularidade histórica, geográfica de cada um) nos colocam hoje é: o que, de fato, é um movimento verdadeiramente político? (Lepecki, 2012, p. 57) p.443


É nessa perspectiva que repousa a importância e a urgência da dança política ou dança ativista. O conhecimento em dança, tendo o corpo na sua totalidade como força motriz, acessa a historicidade da construção e transformação da sociedade sem restringir a ação dos sujeitos a determinismos ora sociais, ora biológicos, ora culturais.
Ela movimenta, literal e simbolicamente, concepções, tradições e escolhas de como existimos, como lidamos uns com os outros, como podemos conduzir nossas experiências de vida. Mas do que isso, a dança nos permite refletir e experimentar formas de estar e perceber os espaços, de propor outras travessias, de manejar nossas relações com o tempo. Nesse sentido, dançando podemos ressignificar, de forma autônoma, critica e criativa, as problemáticas sociopolíticas que coletivamente nos afligem e propor, dentro do viés artivista, ações rumo a uma sociedade igualitária e justa. P.443
A arte, de um modo geral, possibilita o florescimento e entendimento da pluralidade, e, portanto se, acessada dentro de uma perspectiva crítica, mostra-se enquanto ação política, uma vez que permite a negociação da diversidade e a busca da liberdade/emancipação dos sujeitos. Além disso, o ativismo contemporâneo diverso e sempre em transformação também cria novas propostas para as experimentações artísticas, nos espaços e tempos que esta se insere. P.444
A dança, por sua vez, carrega consigo o potencial político primeiro, impregnado no corpo enquanto processo dialético entre o ser e o estar no mundo. Assim, na historicidade do corpo acessada e pesquisada pelo conhecimento em dança, são possíveis rupturas e ressignificações dos modos de existir, a partir das possibilidades do mover-se nos espaços e tempos em construção. O artivismo em dança, assim, seria a radicalização da política da/em dança pela imersão consciente e crítica no contexto através do protagonismo do corpo. Afinal, como problematizar e discutir essas temáticas e situações sociais pelo conhecimento em dança? Que universo sensível podemos compartilhar através de um direcionamento crítico frente a realidade? P.444
Isto posto, nos cabe refletir sobre até onde nossa dança/arte vai, ou melhor, até onde ela tem ido nos dias atuais. Refletir como temos dançado, no Brasil, a crise política e institucional que nos assombra. Como temos dançado, com esse sistema que chamamos corpo, o genocídio da juventude negra nas nossas periferias, a LGBTfobia, a violência contra as mulheres, o trabalho infantil, as contrarreformas estatais. Mas, mais do que isso, como temos dançado dias melhores, formas diferentes de estar no mundo, relações humanas mais saudáveis. P.444

ATENÇÃO E IMPROVISAÇÃO

Todo mundo sabe o que é atenção. É a tomada de posse pela mente, de forma clara e vívida, de um dentre vários objetos ou linhas de pensamento simultaneamente possíveis… Implica retirar-se de algumas coisas para lidar efetivamente com outras. (William James, Princípios de Psicologia)

Em sua essência, a improvisação com movimento é uma prática de atenção. […] As ações específicas em uma improvisação podem parecer e se sentir idênticas a qualquer outro movimento. A diferença é a natureza da atenção ao que está acontecendo no momento. É a capacidade de sentir como o movimento no momento presente se relaciona com os movimentos que vieram antes, senti-los no espaço e no tempo, conectá-los aos movimentos dos outros, contextualizar o conteúdo desses movimentos de uma maneira que carreguem humanidade e significado, e usar tudo isso como uma tela para os movimentos que surgem para criar o próximo momento. […] Uma vez que um improvisador desenvolve e aprimora essa atenção, ela pode ser voltada para os momentos mais mundanos de nossas vidas – jardinagem, andar na rua, sentar parado e sentir o fluxo de sangue em suas veias – transformando o mundo cotidiano em um território para o espírito criativo.

Então, qual é a natureza dessa atenção?

A atenção é um foco intencional em uma “coisa” específica ou observar de perto o relacionamento e a interação de mais de uma “coisa”. A consciência é um estado de estar aberto a estímulos, de estar receptivo ao que vem em nosso caminho. A atenção é yang para o yin da consciência. A atenção é uma lente de zoom. A consciência é uma grande angular. Ambos são fundamentalmente importantes para o sucesso na improvisação, e ambos parecem estar enraizados em nossas habilidades de sobrevivência mais fundamentais: a capacidade de agir com intenção com base na relação entre dados sensoriais e experiência anterior. O processo de atenção tem mais de uma função na improvisação. Pode nos ajudar a trazer nossas habilidades e recursos para nos movermos e fazermos escolhas, mas também pode começar a trazer as estruturas não reconhecidas de nosso mundo interior para o limite da consciência. Assim como a meditação, a improvisação é uma prática contemplativa, uma ferramenta de autodescoberta e autoconsciência. (DE SPAIN, 2014, p.167-170)


Everyone knows what attention is. It is the taking possession by the mind, in clear and vivid form, of one out of what seem several simultaneously possible objects or trains of thought… It implies withdraw from some things in order to deal effectively with others. (William James, Principles of Psychology)

At its very core, movement improvisation is an attentional practice. […] The specific actions in an improvisation could look and feel identical to any other moving. The difference is the nature of the attention to what is happening in the moment. It is the ability to sense how the movement in the present moment relate to movements that have come before, to feel them in space and time, to connect them to the movements of others, to frame the content of those movements in a way that carries humanity and meaning, and to use all of that as a canvas for the movements that emerge to create the next moment. […] Once an improviser develops and hones this attention, it can be turned toward the most mundane moments of our lives – gardening, walking down the street, sitting still and sensing the flow of blood through your veins – transforming the everyday world into a playground for the creative spirit.

So what is the nature of that attention?

Attention is an intentional focus on a specific “thing,” or closely observing the relationship and interaction of more than one “thing.” Awareness is a state of being open to stimuli, of being receptive to what comes our way. Attention is yang to the yin of awareness. Attention is a telephoto lens. Awareness is a wide angle. Both are fundamentally important to success in improvising, and both seem to be rooted in of our most fundamental survival skills: the ability to act with intention based on the relationship between sensory data and prior experience.

The process of attention has more than one function in improvisation. It can help us to bring our skills and resources to bear in moving and choice-making, but it can also begin to bring the unacknowledged structures of our interior world to the edge of consciousness. Like meditation, improvisation is a contemplative practice, a tool for self-discovery and self-awareness. (DE SPAIN, 2014, p.167-170)

Improvisando-se em 20/09/22

Fase de pré-produção

Reuniões para confabular sobre improvisar, acordar o corpo, criar metodologias e práticas pedagógicas para a residência. Encontros e confabulações.

E AÍ ? Coletivo Artístico – 20/09/22 – Edifício Texas
(Escritas improvisadas)

Nos movemos
Nos re-conhecemos
Encontramos , desencontramos e nos encontramos de novo
Procuramos cada um a seu jeito, um forma de se presentificar no corpo
Movemos mais
Criamos dramaturgias pessoais, mas não individuais
Surgiu um fluxo
comum
e os corpos se entregaram a ele … permitiram-se ser dançados por ele.
Muitas melodias cinéticas foram corpadas
Muitas trocas no campo do pré-refletido
Movemos mais ainda
Muitas outras trocas no campo da intenção que cria coletivamente
O som
As músicas
Os ritmos
Foram protagonistas
Muitas dinâmicas pediram licença e se fizeram co-criadas
Movemos mais ainda
Uma calmaria foi tomando conta dos moveres
A música e a dança acabaram ao mesmo tempo … sincronicidades improvisadas

O corpo solicitou cuidado e atenção na forma de lidar com seus limites
Muita luz verde espiralou a minha volta
Em espiral eu dancei com ela
A dança e a luz

Por Kiran Gorki

Referências que corpamos:

Where does Improvisation reside?

It would be easy to say that it lives in the movement that billows forth from the improviser(s). But I think it is safe to say that many experienced practitioners would agree that it is as much about mind as movement. To improvise – and I might also say to view improvisation – is to come into contact with the mind of movement and the movement of mind. But the improvising mind does not necessarily follow a Cartesian model. In fact, I would suggest that there might be no human activity that more thoroughly destabilizes the classic mind/body dualism. Spend enough time in hyper-awareness of improvisation and you will undoubtedly begin to question such things as the nature of thought, or the source of desire, or even the structure of self. You will sense yourself thinking in movement. You will feel and respond to what your mind wants, or what your back wants, or even what space wants. And you will know that you do not end at the boundary of your skin. You are literally a part of the world, and the world permeates your soma, thinking and choosing from inside of you. (DE SPAIN, 2014, p.53)

Onde reside a Improvisação?

Seria fácil dizer que vive no movimento que brota do(s) improvisador(es). Mas acho que é seguro dizer que muitos praticantes experientes concordam que se trata tanto da mente quanto do movimento. Improvisar – e eu diria também ver a improvisação – é entrar em contato com a mente do movimento e o movimento da mente. Mas a mente improvisadora não segue necessariamente um modelo cartesiano. Na verdade, eu sugeriria que pode não haver atividade humana que desestabilize mais completamente o clássico dualismo mente/corpo. Passe bastante tempo na hiperconsciência da improvisação e você, sem dúvida, começará a questionar coisas como a natureza do pensamento, ou a fonte do desejo, ou mesmo a estrutura do eu. Você se sentirá pensando em movimento. Você sentirá e responderá ao que sua mente quer, ou o que suas costas querem, ou mesmo o que o espaço quer. E você saberá que não termina no limite de sua pele. Você é literalmente uma parte do mundo, e o mundo permeia seu soma, pensando e escolhendo dentro de você. (DE SPAIN, 2014, p.53)

Práticas improvisacionais / compositivas

Práticas improvisacionais / compositivas